Comissão de Educação vai fiscalizar atividades no Centro Esportivo Mané Garrincha após denúncias

Por: FELIPE PALMA
DA REDAÇÃO

21 de setembro de 2022 - 18:10
Richard Lourenço | REDE CÂMARA SP

A reunião da Comissão de Educação, Cultura e Esportes desta quarta-feira (21/9) recebeu o secretário municipal de Esportes e Lazer, Carlos Augusto Vianna, para explicar o acordo entre o Executivo e o Instituto Tênis, responsável por administrar as quadras de tênis do Centro Esportivo Mané Garrincha, na Vila Clementino, zona sul de São Paulo.

Após chamamento público em agosto de 2021, a RTB (Rede Tênis Brasil) – que faz parte do Instituto Tênis, do empresário Jorge Paulo Lemann – foi escolhida para ocupar o local que era administrado pela SATI (Sociedade Amigos do Tênis Ibirapuera) há mais 35 anos. Durante a última reunião, o colegiado do Legislativo Paulistano recebeu denúncias de que a RTB, desde que assumiu a gestão do Centro Esportivo Mané Garrincha, tem dificultado o uso do espaço pela população em geral, principalmente idosos, além de não oferecer aulas gratuitas a crianças da periferia.

O secretário Carlos Vianna explicou que o chamamento público prevê uma contrapartida social. “O acordo garante a participação das pessoas que já usufruíam o espaço público. Temos contato e diálogo aberto com a SATI com o objetivo de contemplar o uso do local para todos”.

Durante a reunião, Carlos Vianna apresentou números relativos ao uso das quadras. Segundo levantamento da pasta, a Rede Tênis Brasil, por meio de aulas particulares, vem tendo aumento no número de horas utilizadas do espaço ao longo do primeiro semestre deste ano: 8% em janeiro, 3% em fevereiro, 11% em março, 23% em abril, 29% maio, 35% em junho e 40% em julho.

Dados que foram rebatidos pelos frequentadores mais antigos das quadras. De acordo com a SATI, o local tem sido ocupado em cerca de 20% por eles nestes últimos meses, movimento menor de usuários que não pagam para jogar.

Representantes da sociedade civil

Frequentador mais antigo do Centro Esportivo Mané Garrincha, Sérgio Brasil Leal, de 86 anos, joga tênis no local há quatro décadas. Emocionado, falou que se sente pressionado pela empresa que passou a ser responsável pelas quadras. “Somos coagidos, não podemos frequentar o nosso, nosso espaço que construímos com nossos recursos. Nunca vi tal idiossincrasia”.

Participante da comissão de frequentadores, criada em janeiro deste ano por discordar da atual diretoria da SATI, Ana Paula da Conceição afirmou que não há mais diálogo com a SEME (Secretaria Municipal de Esportes e Lazer). “Além da discriminação etária, somos proibidos de usar um espaço que é público, construído com o dinheiro da população através de uma vaquinha. E pior, estamos sendo ameaçados que se reclamarmos aí que não vamos poder mesmo”.

O advogado Evair Daniel de Oliveira, que também integra a comissão, contou que o acordo com a RTB exclui parte dos frequentadores. “Somos excluídos do espaço que construímos ao longo do tempo”.

Apontamentos dos vereadores

Os vereadores integrantes da Comissão de Educação questionaram o secretário da pasta de Esportes e Lazer durante a reunião. A vereadora Sonaira Fernandes (REPUBLICANOS) perguntou se ele tinha ciência de que o espaço é alugado para atletas que fazem aulas avulsas pelo valor entre R$ 2 mil a R$ 5 mil por mês.

“Hoje não existe transferência de recursos públicos para a RTB, por isso eles podem oferecer aulas particulares para suprir a manutenção e custear o espaço. Isso, inclusive, consta no plano de trabalho, há uma determinação de tempo para uso próprio e a disponibilidade para a comunidade local”, afirmou Carlos Vianna.

O vereador Daniel Annenberg (sem partido) disse acreditar em um denominador comum para ambos os lados. “É preciso aumentar a possibilidade de uso da quadra por crianças carentes. Quem utilizava o local tem que continuar podendo”.

Vice-presidente do colegiado, o vereador Celso Giannazi (PSOL) abriu espaço para alguns depoimentos de usuários do Centro Esportivo. “É muito importante o espaço público como um todo, esporte e convivência social. As pessoas estão sendo impedidas de utilizar um espaço público e o Executivo não pode concordar com uma política excludente”. O parlamentar ainda entende ser necessário o Legislativo municipal fiscalizar in loco o funcionamento das atividades praticadas no espaço.

Encaminhamento

A Comissão de Educação encaminhou uma diligência ao Centro Esportivo Mané Garrincha para fiscalizar o movimento nas quadras. Os parlamentares também vão agendar uma reunião entre a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, representantes da SATI e usuários do local para que se possa encontrar uma saída para o impasse.

A íntegra da reunião pode ser conferida no vídeo abaixo:

Outras notícias relacionadas