CPI dos grandes devedores questiona morosidade da procuradoria

30 de março de 2017 - 18:37

 

RENATA AFONSO
DA TV CÂMARA

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos grandes devedores, criada para investigar a dívida ativa de São Paulo, recebeu nesta quinta-feira (30/3) os procuradores responsáveis pela execução de 20 mil processos fiscais sobre as maiores dívidas do município.

Os dez procuradores são do FISC-7, órgão ligado à PGM (Procuradoria Geral do Município). Eles responderam aos vereadores sobre o funcionamento do setor, a distribuição dos processos e, principalmente, a demora na execução das principais dívidas da cidade.

Luiz França / CMSP

Procurador-geral do município, Ricardo Ferrari Nogueira

O procurador-geral do município, Ricardo Ferrari Nogueira, disse que o principal entrave na cobrança das dívidas é a falta de dinheiro para investir em tecnologia. Ele citou como exemplo a ser seguido o sistema do governo do Estado, que vai permitir ver fraudes de qualquer contribuinte.

Durante a reunião, o vereador Alessandro Guedes (PT) questionou o procurador-geral sobre o motivo da dívida do prefeito João Dória, com IPTU (R$ 90 mil), ter ficado dois anos arquivada antes de ser cobrada, mesmo já tendo sido julgada, e se casos assim são comuns. “Não beneficiamos nem prejudicamos contribuintes”, respondeu Nogueira.

Os questionamentos duraram quatro horas e os representantes da Comissão se mostraram insatisfeitos com as respostas. “Primeiro, a gente sente falta de informação. Ou na maldade, que eu sinto sinceramente, ou eles estão despreparados. Ou existe, ainda na minha opinião, uma total prevaricação de muitos procuradores”, disse o vereador e vice-presidente da CPI, Camilo Cristófaro (PSB).

O presidente da CPI, vereador Eduardo Tuma (PSDB), também não considerou a sessão proveitosa. “Nós convocamos os procuradores do FISC-7, que é o setor responsável pelos grandes devedores do município, e na verdade nada foi dito sobre o FISC-7. Foram assuntos diversos do assunto principal”, disse.

O procurador-geral negou qualquer tentativa de omitir informações. “A Procuradoria não tem cor, não tem interesse de prejudicar ou beneficiar qualquer contribuinte. Nós trabalhamos com regime tributário. São as leis que movimentam nossa atuação”, disse.

Os integrantes da Comissão decidiram ao fim da sessão da CPI que irão convidar os procuradores individualmente para novos depoimentos. “Nós queremos ouvir cada um deles, vai ser uma coisa mais direta, para que possam explicar com mais tranquilidade como funciona a Procuradoria”, disse o relator da CPI, vereador Isaac Felix (PR).

MUTIRÃO
Durante a CPI, foi anunciado um mutirão do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) com a PGM para tentar reunir os devedores e negociar as dívidas. “A CPI vai participar desta reunião no TJ e também no mutirão”, disse Tuma.

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