Regulamentação de compartilhamento de veículos passa por 2ª audiência

Por: JELDEAN SILVEIRA - DA REDAÇÃO

15 de abril de 2016 - 00:01

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O Projeto de Lei (PL) 421/2015, que regulamenta o compartilhamento de veículos na cidade de São Paulo, foi discutido em segunda audiência pública realizada na noite desta quinta-feira (14/04) pela Comissão de Trânsito, Transportes, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia da Câmara Municipal. O projeto é de autoria do vereador José Police Neto (PSD), presidente da Comissão, e gerou discussão acalorada entre motoristas, taxistas e parlamentares.

A proposta prevê três formas de compartilhamento de veículos a serem regulamentadas. A primeira é o compartilhamento do carro que é locado por determinado período para uso, também conhecido também como carsharing, que já existe em empresas no Brasil. O segundo é o compartilhamento das viagens. É a carona gratuita ou paga, quando dono do veículo compartilha ou aluga assentos em seus veículos. E o terceiro é o compartilhamento do automóvel com transporte individual do passageiro, caso do serviço oferecido pelo Uber e pela Will Go, empresa indiana que já está cadastrando motoristas na cidade de São Paulo e será concorrente direta do Uber.

2016-04-14- SP Câmara Municipal de São Paulo Audiência Pública da Comissão Permanente de Trânsito, Transportes, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia - PL 421/2015 Plenário 1º de Maio 1º andar José Police Neto (PSD) Foto: André Bueno/ CMSP "Créditos Obrigatórios. Todos os direitos reservados conforme lei de direito Autoral Número 9.610"

Vereador José Police Neto (PSD)

De acordo com vereador Police Neto,  o objetivo da lei é garantir segurança, confiabilidade, custo-benefício e incentivo ao compartilhamento de veículos na cidade, preferencialmente a partir do acesso às redes digitais. “Essa regra pretende solucionar um problema da cidade, porque hoje não temos regra nenhuma. Se o Judiciário tem sua posição, que é proibido proibir, caberá ao Parlamento a responsabilidade de estabelecer regras claras. Regras que façam com que o sistema de circulação individual de veículos seja mais seguro para o usuário e faça bem para cidade, tirando carros das ruas e colocando passageiros nos carros que já estão em circulação”, disse vereador.

2016-04-14- SP Câmara Municipal de São Paulo Audiência Pública da Comissão Permanente de Trânsito, Transportes, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia - PL 421/2015 Plenário 1º de Maio 1º andar José Police Neto (PSD) Foto: André Bueno/ CMSP "Créditos Obrigatórios. Todos os direitos reservados conforme lei de direito Autoral Número 9.610"

Vereador Adilson Amadeu (PTB)

Já o vereador Adilson Amadeu (PTB) teceu críticas à proposta. Para ele, os motoristas com alvarás devem ter prioridade nas políticas públicas de incentivo. “Eu percebo que são itens dentro de um projeto, só que não cabe. Imaginem vocês um carro sem motorista, que vai acontecer em 2040, mas já está no projeto. Por enquanto, temos que ver as prioridades da cidade. Temos que dar a preferência que foi dada a 5 mil alvarás de Táxi Preto, que já estão trabalhando, e muito bem. E se o taxista precisa melhorar, vamos melhorar com a frota que temos, que é uma frota exemplar. Agora, empresas quem não pagam imposto não têm o direito de querer regulamentação” afirmou.

2016-04-14- SP Câmara Municipal de São Paulo Audiência Pública da Comissão Permanente de Trânsito, Transportes, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia - PL 421/2015 Plenário 1º de Maio 1º andar José Police Neto (PSD) Foto: André Bueno/ CMSP "Créditos Obrigatórios. Todos os direitos reservados conforme lei de direito Autoral Número 9.610"

Wagner Caetano, da Movitaxi Brasil

Os taxistas presentes defenderam a não regulamentação do novo modal de transporte, já que a categoria já presta o mesmo serviço de forma regulada. “Parece que nós somos resistentes a melhorias, mas pelo contrário, nós taxistas temos uma Câmara Temática do Táxi, proposta pelo Executivo, com diversos representantes da categoria para discutir melhorias de atendimento ao usuário. Por isso, entendemos que não há motivo para criamos um novo modal de transporte”, afirmou o representante da Movitaxi Brasil, Wagner Caetano.

Para os motoristas que utilizam a plataforma de aplicativos como o Uber, a proposta de regulamentação traz a possibilidade de melhores condições de trabalho e mobilidade na cidade.”Precisamos refletir, pois nós também precisamos trabalhar. Queremos o direito de trabalhar na regularidade”, pediu o motorista da Uber, Jeter Santos.

“Se conseguirmos aprovar este projeto não estamos beneficiando uma ou outra empresa, mas a solução de mobilidade para nossa cidade. E o maior beneficiário dessa regulamentação será a população, que terá mais liberdade de escolha de transporte”, afirmou o motorista da AMP – Associação de Motoristas Parceiros, Nelson Bazolli.

Usuários

2016-04-14- SP Câmara Municipal de São Paulo Audiência Pública da Comissão Permanente de Trânsito, Transportes, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia - PL 421/2015 Plenário 1º de Maio 1º andar José Police Neto (PSD) Foto: André Bueno/ CMSP "Créditos Obrigatórios. Todos os direitos reservados conforme lei de direito Autoral Número 9.610"

Marisa Cristina Danagiu

Usuários dos modelos de transporte também se dividiram na questão da regulamentação do compartilhamento de veículos na cidade. De acordo com Marisa Cristina Danagiu, os motoristas do Uber deveriam se regularizar como taxistas para garantir a segurança dos transportados. “Quem me garante que não tem um bandido ali, e meu filho está entrando em um carro desconhecido. Eu acredito que o táxi sempre foi o melhor serviço em São Paulo, e um dos melhores do mundo”, argumentou.

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Conselheira participativa do município, Moira Vasconcelos

Já a conselheira participativa do município, Moira Vasconcelos, usuária do Uber, defendeu o fim da disputa entre taxistas e motoristas de aplicativos e a regulamentação para uma concorrência leal entre os serviços. “São Paulo é uma cidade que já esta abarrotada de carros, então precisamos sim pensar em alternativas de transporte. Infelizmente, o transporte público ainda está muito deficiente, então dependemos de outras alternativas. Acho que deve-se pensar mais no passageiro. Essa concorrência é necessária, isso nos dá mais opção, o usuários tem que ter o direito de escolher, eu quero ter mais opção”, disse.

A audiência pública foi acompanhada também pelos vereadores Salomão Pereira (PSDB), Senival Moura (PT), Dalton Silvano (DEM) e Ricardo Young (REDE), além de diversos representantes da categoria de transporte individual da cidade. O projeto que já foi aprovado em primeira votação em plenário em dezembro do ano passado, passará pela terceira audiência publica no dia 20 de abril, às 15 horas, no Plenário da Câmara. A votação final do projeto está prevista para o dia 27 de abril.

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